Adeus meu herói!

Sabe? Hoje quero reconhecer os heróis, eu sempre acreditei neles, desde criancinha, havia um enorme magnetismo por esses seres com poderes extraordinários que me encantavam os olhos, eu gostava de admirar aqueles carros do Batman, suas motos, helicópteros e até submarinos, além do seu fantástico cinto de mil e uma utilidades. Acho que eu assistia àqueles filmes e desenhos e ficava sonhando em ter todos aqueles superpoderes, ou pelo menos parte deles, era um mundo de fantasias todo meu onde lá eu podia banir todo o “mal” da face da Terra – eu achava que na vida, os mocinhos sempre derrotavam os vilões – exatamente como na canção. Ali eu criava a minha própria realidade amarrando uma fralda de pano no pescoço para ser a capa e pegando os espetos de churrasco do meu pai para servir de espada logo após o filme do Zorro – ATENÇÃO: Não façam isso em casa, pais, deixem os espetos de churrasco longe das crianças!

Lembro, ainda adolescente, de imaginar que poderia haver uma maneira de deter os bandidos, pode?! E a cada notícia ruim, como: um assalto, um homicídio, um latrocínio ou um simples furto, me remetiam imediatamente ao Homem Aranha, Superman e Batman – os meus preferidos. Ah se eu tivesse “a sorte” de ser picado por uma aranha, ou se eu fosse um alienígena em forma de gente ou, por que não ter a grana da família Wayne?!

Pois então, eis que o tempo passou mais um pouco e eu apurei a minha percepção, comecei a me dar conta de que os heróis realmente existiam. Yes! Não exatamente como eu os idealizava em minha infância, com aquelas roupas, capas, máscaras e super marcas de fazer os olhos de qualquer um brilharem, mas heróis de carne, osso e sem disfarce que se fazem passar por pessoas comuns como eu e você, mas não se engane, de comum têm apenas a forma humana e uma fragilidade aparente, contudo têm uma super visão do todo a ponto de perceber o ambiente apenas de forma sensitiva e uma incrível garra e resistência para superar adversidades.

Sei que é muito fácil, cômodo e até conveniente aplaudir e reconhecer o trabalho de pessoas famosas que circulam pelas grandes redes e veículos de comunicação de massa, o difícil é fazer o mesmo com pessoas mais humildes que exercem funções tão, mas tão importantes, que nem percebemos, até faltarem ou, por algum motivo, deixarem de fazê-lo, como o que ocorreu com os até então anônimos e “réles” caminhoneiros que simplesmente pararam o Brasil nos primeiros meses deste ano e fizeram toda a sociedade, independentemente de classe social perceberem a sua importância na cadeia produtiva deste país. Pois então, assim como eles, outros milhares de Josés, de Miltons, de Vieiras estão discretamente fazendo a diferença na sociedade sem alarde, sem publicidade, simplesmente pelo súbito prazer em ver o seu dever cumprido e a satisfação de quem dele se beneficia. São pais, que acordam cedo para trabalhar, que dedicam-se a honrar com os seus compromissos profissionais e financeiros, muitas vezes enfrentam uma jornada dupla ou tripla, trabalhando de dia, indo para a faculdade a noite e fazendo os trabalhos e atividades de madrugada. Pessoas que vencem na vida pelo próprio esforço, sem precisar passar a perna em ninguém, que se superam todos os dias, muito embora nem todos necessariamente estudem, mas cumprem com suas obrigações familiares e domésticas, a todos vocês, minha reverência e todo o meu respeito.

Um desses heróis se manifestava muito através de pequenos gestos, dedicando um cuidado todo especial e recompensando generosamente essa classe mais humilde: O lixeiro dos sábados à noite, o gari, o ambulante do sinal que vende cascalho, o jornaleiro dos domingos, os garçons do aniversário, o maqueiro da emergência que o conduzia na cadeira de rodas quando suas pernas já insistiam em dificultar a caminhada por conta própria, os empregados domésticos, por ele carinhosamente chamados de “Seu menino” ou “Dona menina”. Esse era o cara que nunca deixava faltar nada em casa, seu prazer maior era fazer o supermercado e, religiosamente, comprar o seu cacho de bananas e o pão, combustíveis diários.

Como todo grande herói, também tinha a sua fragilidade, sua família, seu bem mais precioso, bastava alguém adoecer para ele ficar preocupado e solicitando “boletim médico” de hora em hora, no entanto, esbanjava alegria ao ver todos reunidos à mesa ou nas rodadas de hambúrgueres ou pizzas daquelas alegres noites de sexta-feira “com as crianças” ou dos churrascos de domingo, quando alimentava-se somente após todos estarem satisfeitos e após alguns tragos do seu whisky predileto traduzia em palavras o que normalmente expressava em gestos de serviços e cuidados: “- Tchê, eu te amo! Vocês são a minha alegria! Eu não quero mais nada da vida, sou feliz por ter vocês aqui comigo”, assim era o meu pai e sim, ele era um herói!

Então, depois de adulto, já relativamente maduro (me recuso a amadurecer demais), finalmente compreendi o verdadeiro significado do herói que eu tanto buscava ainda na minha tenra infância. Estava o tempo inteiro bem diante de mim. Sim, heróis de verdade são feitos de carne, osso e de sentimentos genuínos. E Sim, meu pai era, de fato, um herói! Gratidão por tudo meu amigo de fé, meu irmão, camarada! Bom descanso!

Minha singela homenagem ao tchê, Sr. Vieira (in memoriam) – orgulhosamente, meu pai!

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