A sublime missão de ser pai: Uma jornada fascinante
Lembro como se fosse ontem, os três dias mais felizes de toda a minha vida: Os do nascimento de cada um dos meus rebentos, principalmente da primeira, há 20 anos. Eu não tinha noção de nada, apenas uma enorme expectativa sobre o que viria pela frente. Uma alegria contagiante invadia meu ser e paradoxalmente, um medo aterrorizante de ser insuficiente e incapaz com a sublime missão de ser pai. Eram tantas emoções que chega a ser difícil até descrevê-las.
Uma sutil mudança nas prioridades:
Eu senti algo parecido no nascimento dos demais, mas me refiro especialmente à primeira porque jamais havia sido pai antes. Aquele momento representou uma ruptura irreversível, que mudaria a minha vida para todo sempre. Agora eu não mais estaria em primeiro lugar na própria lista de prioridades. Todas as minhas decisões dali para frente seriam norteadas por aquele serzinho que acabara de chegar. E acredite: Passados vinte anos, ainda é assim! Eles estão sempre em primeiro lugar.
O mundo ideal X real de ser pai:
Naquele dia em que minha amada esposa deu à luz minha primogênita, minha mente deu um loop, só alimentava a ilusão de como ser um pai impecável. E pensava no quanto ela seria por mim amada. Quando a segurei nos braços, um choro de felicidade e um coração que mal cabia no peito tomou conta de mim. Naquele exato momento, planejei mentalmente, em fração de segundos: cada aniversário; o primeiro dia na escola; também, a sua formatura; os felizes natais que teríamos dali em diante com a ilustre presença daquele serzinho. E muito mais.
Pois bem, esse é o meu “fantástico mundo de Bob”.
Depois veio a realidade e a luta diária para não deixar faltar absolutamente nada: saúde, segurança, escola, lazer, carinho, atenção. Daí veio a parte chata e realmente sublime do amor de pai, para a qual não existe manual: Disciplinar a princesinha! Então a vida me deu uma inequívoca certeza: Ser pai consiste em dar o que a criança precisa e nem sempre o que ela quer.
A jornada:
Na caminhada até aqui, admito que várias vezes alterei o tom de voz, dei castigo, repreendi, chamei a atenção e algumas vezes até errei. É verdade! Mas sempre querendo acertar com esse “Ser”, para mim, sagrado, que chamo de filho. Que bom seria se houvesse um manual de instruções ensinando a sutil arte de estabelecer limites. Provavelmente, teria feito algumas coisas de forma diferente, em outras, faria tudo exatamente como antes. Mas em ambos os casos, acertando ou errando, fiz tudo com muito amor.
E então, deu certo? Ainda não sei! Ainda estou no meio da jornada, que só terminará, provavelmente, quando eu estiver no flat de concreto alguns palmos abaixo da terra. E será muito difícil (para mim particularmente) dizer o que aconteceu depois com os pimpolhos. Por que eu estou dizendo isso? Simples, a sublime missão de ser pai é eterna.
Entretanto, uma coisa é certa, cada vez que eu preciso “exercer a minha autoridade de pai” com um pouco mais de austeridade, ainda dói muito, como antes, porque tudo o que eu mais queria, era somente vê-los livres, correndo, brincando, sorrindo e alegres. Mas esta é apenas uma parte da vida. Criança precisa de carinho, atenção e de limites!
O pai também é filho:
Desse modo, é inevitável não me colocar na posição de filho, refletindo acerca das lições que aprendi com o meu pai. Cada vez que ele me repreendeu, as conversas duras, os puxões de orelha, mas também os muitos sorrisos, os abraços, as inúmeras vezes que verbalizou o quanto nos amava e demonstrou todo esse amor através de gestos e atitudes, que não foram poucos.
Hoje ele não mais está aqui, mas eu agradeço por absolutamente tudo. Valeu muito a pena. Sou um privilegiado por ter tido um direcionamento. Possivelmente nem de longe eu seja o que ele, talvez, um dia sonhou para mim, mas o principal aconteceu. Valores como: respeito, humildade, lealdade, persistência, perseverança e cidadania, nós (eu e meus irmãos) incorporamos muito bem. Valeu Tchê!
Hoje, minha especial homenagem a todos aqueles que abraçaram a sublime missão de ser pai!
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