Como nascem nossas crenças
Quantas vezes você já parou para pensar em tudo aquilo que você acredita como sendo uma verdade irrefutável? Por que você acredita nelas? Qual a origem? Qual o impacto delas sobre o seu comportamento e sobre suas atitudes? O que mantém esse conjunto de crenças vivo em você?
A verdade é que todos nós, um dia fomos crianças e nessa fase da vida ficamos expostos a todo tipo de estímulo, valores e influências, que jamais foram nossos, mas os adotamos como se tivessem brotado do nada dentro da gente e foram desenhando aos poucos nosso critério de valores, nosso conjunto de crenças e nossas características de personalidade que, por sua vez, impactam nossas atitudes e essas são, em maior grau, as maiores responsáveis pelos resultados que obtemos na vida, sejam eles bons ou ruins.
Nossas crenças são um conjunto de supostas verdades que um dia nos foram ditas e que tomamos como sendo nossas, as adotamos e nos agarramos a elas como se fossem um refúgio, justamente porque, no geral, nos foram apresentadas em algum momento da vida por aqueles que mais amamos e nos quais acreditamos cegamente nesses seres “divinos”: – Nossos pais! Portanto, cada palavra é uma verdade e, sem saber, as levamos por toda a nossa vida.
Por isso acreditamos em fada do dente, em papai noel, coelhinho da páscoa, mas também em matinta-pereira, boi da cara preta, bruxas e homem do saco, só que nós crescemos, a realidade muda e também a nossa percepção das coisas, mas as crenças, continuam lá. Mas então por que os nossos pais nos enchem dessas verdades?
Com certeza não é porque eles são maus, mas sim, porque estão seguindo o instinto mais primitivo e mais nobre da espécie humana que é o da sobrevivência e preservação da espécie, então o fazem intuitivamente com o único propósito de proteger as suas crias da dor e do sofrimento por amor, talvez porque um machucado no filho doa mais nos pais, do que nos próprios filhos que o sofreram.
Essas verdades podem te aprisionar se forem limitadoras: “Desce daí que você vai cair”; “Não corre que você vai se machucar”; “Oh menino desastrado!”; “Fulano só fala besteira”; “Nossa, como você canta mal”; “Vamos chamar fulano para fazer isso que você não sabe”; “você tá cansado…” e por aí vai, ou então, elas podem te libertar, se forem potencializadoras: “Você consegue tudo o que você quiser”; “Você é um predestinado, nasceu para brilhar”; “Como você é corajoso”; “Confie em você e tudo correrá bem”; “Você é mais capaz do que você imagina”. O fato é que nós desenvolvemos ambos os conjuntos de crenças, a questão é como cada um lida com elas, desse modo, bendito aquele que desenvolve mais as crenças potencializadoras e que consegue transcender as limitantes.
Lembrei então de uma executiva que conheci em São Paulo enquanto ministrava um workshop comportamental: pessoa muito bem sucedida profissionalmente, altamente competente, com uma certa independência financeira, mãe de dois filhos e esposa exemplar, em um dado momento, refletindo sobre a família, apresentou uma grande dificuldade em seguir adiante e, em meio aos prantos, expôs a seguinte situação: “- (…) meu marido e meus filhos reclamam da minha ausência, dizem que eu só quero saber de trabalho e que não me preocupo com nada mais. Sim, trabalho cerca de 12h a 14h por dia, se queixam quando estou resolvendo assunto de trabalho no whatsapp e quando estou acompanhando as redes sociais enquanto estamos juntos, eu sempre tirei por menos e os mandava pararem com a “manha” (…) pior que só agora me dei conta de algo sobre o qual nunca havia parado para pensar, de fato, tornei-me uma workaholic (viciada em trabalho), mas por que eu coloquei na cabeça que eu tinha que vencer a qualquer custo (mesmo que fosse a minha saúde), assim, desde a minha primeira promoção no trabalho, percebi que o caminho era esse, dedicação 120% de dia e de noite, profissionalmente deu certo, mas pessoalmente, estou pagando um preço maior que a minha saúde, meus filhos já são adolescentes, já tem as suas vontades e eu perdi a melhor fase da infância deles”.
Ao buscar a origem de tudo, a executiva se deparou ouvindo a sua mãe, lavando a louça dizendo: “Sua imprestável, não serve pra nada! Você é burra, nunca vai conseguir nada na vida!”, essa era uma daquelas supostas verdades na qual ela poderia acreditar, já pensou no desastre que seria? No entanto, ela se recusava a crer naquilo, o que, por um lado, foi muito bom, mas por outro, originou uma intensa batalha interna que trouxe consequencias devastadoras para ela viver uma vida mais harmônica, plena e feliz.
Portanto, vale a prudência ao dizer algo para uma criança, pois pode ser um perigo para a humanidade se ela acreditar, já que podem ser limitadoras tornando-as pessoas mais inseguras, medrosas e retraídas, mas se forem potencializadoras as tornam mais confiantes, capazes, determinadas, fortes e destemidas. Assim, reforço o que sempre ouço de uma colega psicóloga que usa uma frase que faz todo o sentido: “ – O que acontece na infância não fica na infância”.
E você: Que verdades você acredita a seu respeito? Como você vive as suas crenças? Elas lhe trazem mais tristeza e frustração ou felicidade e realização?
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