O que diz a sua voz interior
Esta semana, conversei com a Fernanda, que me disse sempre ouvir sua voz interna, atendendo ao “sábio” conselho dos mais velhos, só que, estava incomodada com o que ouvia, então perguntei o que essa voz lhe dizia? Aí que está a questão: Ela ouvia coisas do tipo: “Você está cansada”; “isso não vai funcionar”; “você não é competente o suficiente”; “as pessoas não lhe valorizam como deveriam”; “você é boazinha, por isso o cliente não vai lhe pagar” e toda sorte de frases destrutivas que minam a sua energia e a colocam na sua zona de conforto a impedindo de seguir adiante em sua vida.
Isso pode ser encarado como uma fase do ciclo de autossabotagem, que ocorre involuntariamente, muito mais por conta dos estímulos aprendidos no meio em que vivemos desde a nossa infância até chegar à maturidade do que pela nossa essência que nos acompanha desde o nosso nascimento.
Alguns teóricos reconhecem essas vozes internas através dos estudos do psiquiatra canadense Eric Berne, que criou a análise transacional, nas quais ele classifica os estados do Ego como: O adulto, que é o nosso lado racional e lógico, que analisa os fatos antes de tomar uma decisão, controla as emoções e pensa bastante antes de agir. O pai crítico, que é aquela parte mais perfeccionista que habita em cada um de nós, faz-se presente quando nos cobramos demais a ponto de sermos rígidos e cruéis conosco e com os demais levando-nos a uma preocupação excessiva e a um sofrimento desproporcional. A criança adaptada, que se esforça para agradar as pessoas, segue regras, é obediente, educada, gentil, no entanto é retraída, medrosa, tem dificuldades para tomar decisões e colocar projetos em prática. O pai protetor, que age emocionalmente, está sempre a disposição para ajudar no que for necessário, é extremamente atencioso, gosta de lidar com as pessoas, mas tem dificuldade em dizer não. E, por fim, a criança livre, tal como viemos ao mundo, por isso está mais relacionada a nossa essência, porque é extremamente curiosa, entusiasta, corajosa, desafiadora, expontânea e perseverante quando se trata de seus objetivos.
Assim, considerando que todos esses traços citados acima são estados internos co-habitando dentro de nós, percebo que a nossa mente é livre, basta observar uma criança em seus primeiros anos de vida, que é naturalmente curiosa, destemida, se joga de corpo e alma em relação ao novo e se diverte com isso, mas a medida que vai somando experiências, algumas boas outras ruins ou pior ainda, dolorosas e traumáticas, vai, involuntariamente modelando a mente para criar monstros que nos impedem, muitas vezes, de realizar coisas, com isso, ficamos aprisionados em nosso estado de letargia, deixamos para depois coisas importantes que poderiamos fazer e, desse modo, ficamos absorvidos pela nossa ansiedade.
No entanto, se somos capazes de criar monstros, também somos capazes de criar anjos, aí volto para os ensinamentos do meu grande mestre Timothy Gallwey, em sua teoria do Inner Game (jogo interior), quando se refere a um diálogo entre os selfs, onde o nosso Self 1, que é a nossa voz que dá comandos, faz julgamentos, desconfia e tenta a todo instante controlar o Self 2, que, por sua vez, incorpora o nosso potencial, capacidades e talentos que já vêm incluídas em nosso pacote ou aprendidas ao longo do nosso desenvolvimento. No Self 2 se encontram os nossos maiores sonhos, aspirações, desejos e principalmente, nossa coragem para ir em busca, só que o Self 1, quando assume o controle, alerta que não é seguro, algo ruim pode acontecer e nos faz lembrar que talvez não sejamos capazes o suficiente para realizar nossos maiores sonhos. Faça um teste você mesmo, pergunte-se: Quantas vezes você ou alguém que você conhece já abriu mão de um sonho na vida? Que sonhos eram esses? Como se sente em relação a isso?
Pois então, quando penso em tudo o que a Fernanda ouvia no início desse texto, percebi que ela criou um ciclo de auto interferência que distorce a sua autoimagem desencadeando assim uma percepção e uma reação igualmente distorcida comprometendo assim os seus resultados. Para romper com este ciclo, é importante desenvolver três fatores:
- Consciência não julgadora: Ao invés de pensar que está cansada, que não vai funcionar ou que não é suficientemente competente para fazer algo, simplesmente observe o que está acontecendo e procure aprender algo com isso e, simplesmente, aja!
- A auto-confiança: com a mente desobstruída do julgamento e das críticas internas, aproveite mais o momento presente fazendo, divertindo-se, observando e melhorando o que for necessário ao invés da pressão de ter que fazer certo, a confiança em si e em sua capacidade de ação se ampliará;
- Escolha: Com a consciência e a auto-confiança aumentadas, você adquire o poder de escolher que voz faz sentido ouvir e então procurar agir criativamente para realizar os seus projetos de vida focando nos seus talentos, no seu próprio desempenho e nos aspectos positivos da experiência.
Se você tiver alguma dúvida ou quiser saber mais sobre esse e outros assuntos e quiser vê-los respondidos por aqui, mande um e-mail para: fale@cibracoaching.com.br.