Por que devo suspender o julgamento?
Já parou para pensar que o tempo inteiro estamos avaliando os outros? E o mais interessante é que, simultaneamente estamos sendo avaliados, mas sob qual critério? Já parou para pensar como essa avaliação ocorre? Que aspectos são levados em consideração?
Vamos lá, essa “avaliação” é feita segundo o nosso critério de julgamento e isso é inerente ao ser humano, basta prestar atenção em quantas vezes cruzamos com pessoas diversas em nosso caminho e por algumas sentimos atração e por outras repulsa, e o mais estranho de tudo, fazemos isso automaticamente, mesmo sem conhecê-las muito bem. Isso é justo? Por que isso acontece?
Muito bem, vamos começar entendendo como a nossa mente processa o julgamento: Importante compreender que o cérebro é associativo, logo, quando entramos em contato com alguém, já nos primeiros segundos ele estabelece um cruzamento de informações em relação ao outro: Tom de voz, expressão facial, forma de se vestir, de se pentear, maquiagem, cor, tipo e textura da pele, mãos, aroma ou odor exalado, postura, até alcançar os níveis mais complexos, no campo das ideias e pensamentos. Enfim, são inúmeros os critérios que, intuitivamente, levamos em consideração quando entramos em contato com outra pessoa. Mas qual o reflexo disso?
Como o cérebro é associativo, ele compara a informação nova que está chegando através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato, sinestesia e uma percepção geral do todo com o nosso critério de valores já arquivados em nosso “HD pessoal”, onde fica armazenado tudo aquilo em que acreditamos e que defendemos, a nossa ideologia, nossos conceitos mais substanciais, as nossas verdades (que não necessariamente é a verdade do outro).
Após estabelecer essa comparação, o cérebro enfim se encarrega de julgar, ou seja, em uma fração de segundos, a informação que chega é confrontada com a já existente, se ela estiver “perfeitamente alinhada” ao meu critério de valores, então, o outro “cai nas graças”, quase ao ponto de ser “melhor amigo”, pelo simples fato de ser compatível com o “meu critério de valor”! No entanto, se o outro pensa, age ou se comporta diferente do “meu critério”, eu já crio uma resistência, imponho uma barreira, desenvolvo uma antipatia (que dizemos ser natural) e então, de alguma forma, ou procuro manter uma distância ou então “tento a todo custo” impor (em vão) a minha forma de ser, de pensar, de sentir e de agir contrariando tudo o que vem dele. Pronto, mais um conflito prestes a ser deflagrado. Desnecessário!
Agora que você já entendeu como funciona o julgamento, pergunto: É possível evita-lo? Certamente não! Mas é perfeitamente possível suspendê-lo, ou seja, ao avaliar o outro, ao invés de dar atenção maior ao meu critério de julgamento, começo a perceber o outro como uma pessoa diferente de mim, alguém que tem outro ponto de vista e com quem posso aprender algo novo para somar ao meu repertório conceitual; alguém que merece atenção, respeito e consideração, ainda que seja completamente diferente de mim e de tudo aquilo em que acredito, por mais “absurda” que pareça sua linha de raciocínio; vale a pena interagir e cultivar uma amizade com essa pessoa? Acredite: Vale, e muito!
Compreenda, pessoas erram, alguns, por desvio de caráter, esses facilmente são identificados e talvez até seja melhor manter certa distância mesmo, mas outros (eu me arriscaria a dizer, a maioria) erra por não saber exatamente como se portar em determinadas circunstâncias, erram tentando acertar ou porque não têm habilidade para lidar com determinada questão; as vezes até o silêncio parece agredir, então o que fazer? Aí a importância das diferenças, somar com o outro, é um gesto de humanidade, além de praticar o perdão, o respeito e o amor incondicional.
Para finalizar, pense em como seria chato e monótono todo mundo igualzinho, como se fossem vários robozinhos programados para pensar e agir do mesmo jeito, esse, talvez, seja o desejo dos maiores tiranos e ditadores, portanto, lembre-se: É a diversidade que enriquece a individualidade. Reflita sobre isso e suspenda o seu julgamento, pois, na mesma proporção com que julgas, muitas vezes de forma implacável, uma hora serás condenado, como diria Shakespeare.
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